As frentes de atuação do SP Mulher
O SP Mulher reúne ações de prevenção, proteção e responsabilização, distribuídas em etapas integradas de acordo com o Plano Estadual de Metas de Enfrentamento à Violência Doméstica contra a Mulher.
Iniciada pela prevenção primária, estão a formação e capacitação continuada das forças policiais; inclusão permanente da temática de gênero nos cursos de formação, ingresso e especialização, além de cursos temáticos e ações educativas para ampliar o entendimento sobre violência doméstica, sexual e de gênero.
Já a prevenção secundária é voltada ao atendimento especializado e fortalecimento da rede, como a instalação das Sala Lilases nos Institutos Médico-Legais (IMLs) e implantação da Cabine Lilás nos Centros de Operações da PM (Copom) de todo estado; ampliação do programa de monitoramento do agressor por meio de tornozeleiras eletrônicas e dos dispositivos de proteção às vítimas; manutenção e aprimoramento do aplicativo SP Mulher Segura; parceria com municípios para protocolos integrados e formação de policiais para enfrentamento ao tráfico de mulheres e à exploração sexual.
A prevenção terciária, por sua vez, está relacionada ao monitoramento, qualificação dos registros e análise contínua, visando o aperfeiçoamento das bases estatísticas; estudos científicos voltados às diversas vulnerabilidades (incluindo mulheres trans e relacionamentos homoafetivos); compartilhamento de dados com redes socioassistenciais, nos termos da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e integração ao Programa Muralha Paulista para fortalecimento do monitoramento em todo o estado.
“Um dos desafios é identificar os momentos em que uma situação de violência poderia ser interrompida antes de um escalonamento. Para isso, é importante avançarmos cada vez mais com as ações e análises integradas entre os órgãos de proteção, respeitando sempre a vontade da mulher, mas a encorajando e fortalecendo, seja onde ela estiver, a sair de um relacionamento abusivo”, explicou a coordenadora do SP Mulher, delegada Milena Suegama. “As ações coordenadas e integradas são importantes para a prevenção, além da adequada responsabilização a permitir que a mulher se sinta segura, sem ter que estar sempre em estado de alerta.”
Resultados e evolução dos registros: mais denúncias, mais confiança
Após a implementação do SP Mulher, os resultados têm sido expressivos. Segundo dados da SSP, a soma dos homicídios dolosos de mulheres e feminicídios apresentou queda de 9,3% entre 2018 e 2024, passando de 462 para 419 casos. Os homicídios dolosos, especificamente, acumulam redução próxima de 50% desde 2018, resultado que reflete o fortalecimento das políticas de proteção e prevenção.
Ao mesmo tempo, observou-se aumento nos registros de feminicídio. Esse movimento, no entanto, não representa agravamento da violência, mas sim avanço na correta tipificação dos crimes, fruto do aperfeiçoamento técnico das forças policiais e da compreensão jurídica consolidada sobre violência de gênero.
Além disso, o estado realizou 108 prisões em flagrante por feminicídio entre janeiro e outubro, um aumento de 9% em relação ao ano anterior — indicador direto da resposta policial em decorrência das estratégias de responsabilização dos agressores.
“A gente percebe que quanto mais serviços, mais o acesso é garantido, considerando que muitas das pesquisas nesse campo mostram que as mulheres vítimas de feminicídio, muitas vezes, não registraram boletins de ocorrência anteriores”, explicou Zapata. “A acessibilidade é uma das linhas de proteção, que tem funcionado e vai perdurar nas metas de 2026 para que a gente possa fortalecer ainda mais esse campo”.
O crescimento das denúncias de agressão demonstra que as vítimas estão mais confiantes na polícia e nas ações do governo, consequência da ampliação da rede de atendimento especializado e da diversificação dos canais de denúncia e proteção, que ajudam a combater a subnotificação histórica desse tipo de crime.
Uma das principais preocupações do SP Mulher é garantir que todas as mulheres tenham acesso aos canais de denúncia. A delegada Milena explicou a importância do registro de boletim de ocorrência para a efetividade das ações de enfrentamento à violência e proteção da mulher.
“Para que os projetos alcancem resultados concretos, é fundamental que a mulher em situação de violência procure os canais atualmente disponíveis. O programa atua para que a mulher se sinta cada vez mais segura ao registrar uma ocorrência, por isso, a importância da capacitação continuada dos policiais, da presença cada vez mais qualificada do Estado e da oferta de um atendimento especializado e humanizado às vítimas”, afirmou.